Montadoras chinesas serão maioria no Brasil

Mesmo quem não é fã de carros já escutou que os modelos de luxo são geralmente alemães, que os japoneses se destacam pela confiabilidade e que os chineses apenas replicam designs de outras marcas. A procedência das fabricantes ainda influencia a opinião de muitos consumidores. No entanto, atualmente, a China é o país com o maior número de montadoras atuando no Brasil.

A entrada das fabricantes chinesas no mercado brasileiro ocorreu em 2007, com a Chana trazendo seus utilitários. Naquele período inicial, os modelos chineses se destacavam pelo preço acessível e pelo custo-benefício, mas deixaram a desejar em qualidade, o que impactou sua aceitação.

Poucas empresas sobreviveram a essa primeira fase. Apenas a Chery e a Jac conseguiram manter suas operações no país. Com o tempo, surgiu uma nova leva de marcas chinesas, dessa vez com foco na eletrificação.

A BYD liderou essa nova onda, iniciando sua atuação no Brasil com a produção de chassis de ônibus elétricos e painéis solares em Campinas (SP). Posteriormente, lançou o SUV elétrico de luxo Tan e ampliou sua linha com opções mais acessíveis. O grande sucesso veio com o Dolphin, um hatch compacto elétrico com preços competitivos. Outra marca que se firmou foi a GWM, impulsionada pelo SUV híbrido Haval H6 e por sua estratégia eficiente de pós-venda.

A atuação da GWM e da BYD demonstrou o potencial do mercado brasileiro para fabricantes chinesas. Em 2024, estrearam novas marcas como a Zeekr, voltada ao segmento premium e pertencente ao grupo Geely, além da Neta e da Omoda & Jaecoo.

Para 2025, a expectativa é de que duas grandes fabricantes chinesas passem a operar de forma independente no Brasil: a GAC e a SAIC. Também estão previstas as chegadas da Leapmotor, em parceria com a Stellantis, e da Geely, com suporte da Renault.

Atualmente, o Brasil conta com sete marcas chinesas: Jac, Caoa Chery, BYD, GWM, Zeekr, Omoda & Jaecoo e Neta, igualando o número de fabricantes japonesas no país, que inclui Honda, Mitsubishi, Nissan, Suzuki, Subaru, Lexus e Toyota. Até o final de 2025, os chineses superarão esse número, totalizando 11 montadoras. Além das já confirmadas GAC, SAIC, Leapmotor e Geely, é possível que outras novas marcas apareçam.

Nem todas as marcas chinesas vão se consolidar

Em uma conversa com Andy Zhang, presidente da GWM no Brasil, ele afirmou que apenas cinco marcas chinesas devem se estabelecer de fato no país. Esse cenário já pode ser percebido na situação delicada de algumas empresas.

Uma das marcas que Zhang considera vulnerável é a GAC. Segundo ele, seu sucesso na China se deve às parcerias com Toyota e Honda, sem o mesmo investimento em tecnologia própria que marcas como GWM e BYD realizam.

Enquanto isso, BYD e GWM têm as melhores perspectivas no Brasil, mas por razões diferentes. A BYD é uma das maiores fabricantes globais e conta com amplo apoio do governo chinês. Sua capacidade de produzir componentes internamente permite praticar preços agressivos. Já a GWM é a maior montadora privada da China e se destacou no Brasil por estudar o mercado local, adaptar seus modelos às preferências dos consumidores e investir fortemente no pós-venda.

O conhecimento do mercado também foi um diferencial para a Caoa Chery, que se tornou a única fabricante chinesa a oferecer motores flex e produção nacional.

Montadoras tradicionais apostam em projetos chineses

Utilizar projetos desenvolvidos por outras empresas é uma prática comum na indústria automobilística. A Fiat, por exemplo, lançou seu primeiro SUV no Brasil, o Freemont, baseado no Dodge Journey.

Hoje, várias marcas tradicionais estão incorporando tecnologia chinesa em seus modelos. O Chevrolet Onix e o Tracker são parte de um projeto da SAIC-GM na China, e a GM confirmou a chegada do Spark EUV, um SUV elétrico baseado no Baojun Yep Plus, para concorrer com modelos da BYD. Também está prevista uma versão da Chevrolet do Wuling Starlight.

A Fiat Titano tem projeto parcialmente chinês, pois deriva da Peugeot Landtrek, desenvolvida em parceria com a Changan. A Stellantis também adquiriu a Leapmotor para explorar sua tecnologia em futuros veículos elétricos.

Outro caso é o Ford Territory, um SUV médio de origem chinesa que chegou ao Brasil como alternativa a modelos nacionais. A Volkswagen da América Latina também colabora com a SAIC no desenvolvimento da nova Amarok, como revelado pelo AutoPapo em 2023.

A parceria entre Renault e Geely, por sua vez, funcionará de maneira diferente. A montadora francesa permitirá que a Geely utilize sua fábrica e rede de distribuição no Brasil.

Com essas movimentações, fica evidente que os carros chineses se tornarão cada vez mais comuns no mercado brasileiro. Até mesmo fabricantes tradicionais estão se rendendo à inovação e competitividade das marcas da China.

Texto baseado na matéria publicado no site do Auto Papo.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Back To Top